segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ele.

De repente, ele chegou. Isso se tornou bem perceptível, quando a porta do meu quarto se abriu. Mas mesmo que eu não tivesse notado. Mesmo que eu estivesse de olhos fechados, eu poderia perceber que ele já estava por perto. Antes de tudo, a mudança começa em mim. Sinto como se toda a minha raiva aprisionada — mediante das falhas ocorridas durante a semana — estivesse sumindo rapidamente. O que estava perdido por qualquer confusão, agora se purificava em um processo muito lento, ótimo para ser aproveitado.
Parece que o mundo lá fora desfalece, pelo menos por um instante. Dessa forma, já percebo a modificação no meu quarto, que se torna um ambiente seguro feito de um material indestrutível, onde nada de ruim pode me atingir. Era uma energia muito forte que ia se espalhando pela atmosfera. Não existia qualquer preocupação, tudo era relaxante e vigoroso.

Ele sempre tem a mesma cara. Aquele olhar penetrante, tentando decifrar cada pensamento meu. Com aquele sorriso largo puxado de um canto do rosto até o outro extremo, quase rompendo os seus músculo faciais. Os olhos brilhavam de felicidade por finalmente estarem me fitando. O sucesso está estampado na testa dele. Eu consigo ver de longe, que ele contava cada hora — assim como eu — para o ínicio do nosso reencontro. E mesmo que a gente não quisesse, já não tinha como impedir o momento: tudo seria perfeito. Como sempre.

Ele me deu um beijo, colando levemente os seus lábios na minha bochecha. Com uma de minhas mãos, eu toquei o seu rosto, sentindo o beijo se aprofundar cada vez mais. Eu me virei de frente para ele, esbarrando o meu nariz ao dele e assim, sentindo a frequência da sua respiração. Ele desviou o seu carinho para o meu lábio inferior, puxando-o para provar o sabor. E aos poucos foi se apossando dos meus desejos, decifrando-os um por um. Aquilo era tão bom, tão único, que parecia que nós dois tinhámos nascido apenas para vivenciá-lo. Mergulhando sobre mim, ele me deitou na cama, jogando uma de suas pernas sobre a minha. Aos poucos o formato do meu corpo ia se juntando ao dele, encaixando parte por parte. Joguei um de meus braços sobre o seu peito, sentindo o seu hálito congelante refrescar o meu suor. O meu rosto colado ao dele, lutava para devolver cada demonstração. Mas ele era mais mais eficaz do que eu. Era incrível.
O cheiro dele fazia todo o meu corpo se retorcer. O que era aquilo? A cada toque, a cada movimento, eu quase me contraía de prazer. Sentia tudo se retorcer, por isso era díficil manter a consciência. O beijo dele não me deixava puxar o oxigênio e por isso, sem fôlego, eu o apertava com voracidade. Ele derramava seu tato em mim, firmando sua postura a minha. Eu vibrava tensamente com aquela emoção sentida.
Senti-lo perto de mim era sentir a nossa alma entrelaçada. Com os seus suspiros umidecendo o meu sufoco, logo o seu amor nutria a minha razão de viver.

Eu só desejava que aquilo não tivesse fim.
Simplesmente incontrolável.

domingo, 5 de dezembro de 2010

tudo o que eu não posso ter, tudo o que eu não posso construir.
tudo bem. tudo bem.

tudo o que eu não posso ser.
não tem sentido, tem?

já te contei que posso ser tudo o que eu quiser?