sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Conexão.


Quando estou próximo de te encontrar, sinto uma comemoração se construir intensamente, dentro de meu peito. Como se um fogo começasse a se espalhar rapidamente, penetrando cada entranha, queimando cada canto pertencente a mim. As conseqüências são árduas e severas. A paixão requer perseverança, pois a idealização tem a mania de quebrar qualquer realidade desenhada.

A insônia impede o sucesso de meus sonhos e descanso. Cada segundo dura mil horas, a ansiedade presa tritura meus tecidos estruturais, quebrando meu pilar existencial. Sem respirar direito, digito com velocidade pelo teclado. A cada dia não consigo mais suportar a dor que sinto, ao te ver longe de mim. Sendo, assim, caio de joelhos ao chão, colocando uma mão próxima ao meio do tórax. A outra, eu arrasto sobre o abdômen, a fim de amenizar o vazio sentido. Da noite pro dia, parece que minha simples vontade de viver se passara, como um tiro disparado em uma velocidade incrível, atingindo tal alvo específico em questão se segundos. Levei um soco bem dado na boca do estômago.

Perco o fôlego, pareço carregar grandes pesos sobre as minhas costas. Preciso chegar à superfície, pois não quero morrer afogado, perdidamente no mar. O tempo se alastra, a falta me consome, um encontro desmarcado, uma fala ignorada, uma ligação esquecida, um bom humor não retribuído, tira minha base, congelando minha vontade de viver. Planos são feitos, fico perambulando de lá para cá em busca das respostas que pertencem unicamente, as questões que pairam com persistência sobre minha cabeça. Não há conhecimento, não há confiança formada. Afobação, desespero, nostalgia. Morro de saudades. Preciso ouvir sua voz, sentir seu calor, seu abraço, sorriso e beijo.

Puxo o ar com força que aos poucos me falta, tentando me livrar do aperto que minhas costelas fazem, pois tentam se deslocar de lados extremos até o centro, de meu coração. Meu coração preso e sufocado grita desesperadamente. A paixão tatuada em minha pele guia o rumo de minha vida, já que perco o controle sobre minha perplexa racionalidade. O que eu sinto ainda não é saudável, pois ainda não resultou no famoso "doar sem querer receber", muitas vezes, traduzido como amor.

Preciso te ver.

Meu cansaço tenta me derrubar, meu coração acelerado parece querer saltar em apenas um pulo para fora de minha garganta. Minhas pernas tremem e gotículas de paciência sofridas começam a escorrer de minha testa rapidamente, competindo entre si para ver quem seria capaz de chegar primeiramente ao chão.

É quando te vejo: espasmo sinestesial de sentimentos que surgem em milésimos de segundos. Pareço transbordar de felicidade. Minhas pernas aceleram sem eu perceber, minhas mãos contornam obstáculos para que o caminho se torne mais atingível. Meu cabelo dança entre a brisa do vento, que parece assobiar, propagando-se em meus ouvidos. E por mais que eu tenha o olhar concentrado em te alcançar, possuo uma expressão angustiada, juntamente com um sorriso paradoxal que contorna as frestas de meu rosto. As lágrimas não se atrevem a sair de meus olhos, pois estão presas, devido às gigantes explosões que parecem tonificar meu interior, colorindo cada átomo que me compõe.

Continuo a correr.

Palavras parecem subir como bolhas ao topo de minha boca, mas as seguro, embora minha mais alta vontade seja gritar, demonstrar sem medo, minha alegria perpétua e a sua falta por mim sentida. Finalmente te encontro próximo a mim, e pego um impulso com a força que ainda me resta, te alcançando. Recebo seus braços, que logo se contraem bruscamente em movimentos que me prendem em um magnífico abraço. Minhas mãos envolvem seus macios cabelos e segurando a sua nuca, na intenção de nunca mais te deixar partir para longe de mim, sinto seu cheiro que me enlouquece fazendo-me, delirar de momentâneo prazer.

Paraíso... Como se nenhuma única dor tivesse um dia sequer tentando me atingir.

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