sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Carinho.

—Qual é a cor dos meus olhos?
—Depende. — típica resposta daquelas pessoas que fingem ser intelectuais.
—Do que? — a curiosidade permanecia estampada na testa dele.
Eu respirei, revirando os olhos, bem pensativo. Por mais que a resposta parecesse simples, no fundo era mais do que complexa.
—Eles são difíceis de decifrar. Quando você está longe de mim, são pretos. Quando você está próximo, ao analisá-los, descobrimos que na verdade, eles são marrons. Só que num tom bem escuro, mas ainda sim, marrons.
Sorri, analisando os contornos do seu rosto. Não há nada que eu quisesse mudar nele, nem ao menos a sobrancelha, que fugia da perfeição por ser apenas um pouco mais grossa do que o comum. Eram marcas dele e seria um desperdício retirá-las.
—Os seus também não são tão fáceis de ver. São bem puxados, orientais. — o bico que surgiu no meu rosto era inevitável. Ele continuou a falar.
—Mas quando o sol bate, eles se tornam muito claros, parecidos com mel. Quando você ri, eles se fecham por completo, e quando você está triste, eles sempre estão semicerrados. Na noite, eles quasem somem em contraste com a escuridão.
Eu comecei a rir, bem baixinho.
—Não consigo enxergar nada.
—Claro, você está rindo, novamente. Pode ser uma tática para quando eu quiser te encher de carinhos.
—Não precisa esperar eu ficar desatento, para isso. Eu jamais recusaria.
—Você não é nem louco.

Eu não podia discordar dele, ele estava certo.
Como sempre.

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