terça-feira, 19 de julho de 2011

Notícia.

—Não lamente. — agora, minha voz era só um sussurro.
Eu não tinha mais forças para falar, porém era um absurdo ele sentir qualquer tipo de culpa. Ele olhou para mim, com seus olhos cheios de água, e assim, provando que minhas palavras tinham chegado tarde demais.
—Droga, Taylor. Não faz isso, a culpa não é sua.
Quando notei, eu também já chorava aos prantos.
—Sei que minha escolha foi certa, mas me sinto muito egoísta por fazê-la. — suas palavras pareciam implorar por perdão.
Fiquei em silêncio por alguns minutos, fitando o seu rosto e me forçando ao máximo para compreender aquilo tudo. Não era egoísmo, mas sim uma prioridade, que de certa forma era certa e saudável para nós dois.
—Você vai voltar.
Falei para mim mesmo, alto o suficiente para ele escutar.
—E se der errado? — uma lágrima volumosa caiu rapidamente de seus olhos, enquanto ele buscava desesperado uma resposta que pudesse solucionar tudo.
—É um risco que estamos dispostos a lutar. Tudo vai ficar mais complicado, não vou te esconder a realidade, por mais difícil que ela seja. Mas vamos lutar para ficarmos juntos e tudo acabará bem.
Eu suspirei alto com minha frase final, negando com a cabeça qualquer pessimismo que pudesse surgir. Fiquei surpreso por agora estar mais calmo, porque antes eu gritava furioso, não com ele, mas por causa do futuro que teríamos que enfrentar.
Eu não podia mentir e agir como se tudo estivesse bem. Com certeza, a sua distância era o que eu mais temia e lidar com ela, repentinamente, era um desafio para mim. Eu não era de ferro para engolir todo o sofrimento diante dele. Embora eu realmente quisesse mostrar que estava feliz por ele ter conquistado uma oportunidade única em sua vida, eu não conseguia simplesmente apertar "delete" em um tom automático.
—Tenho medo que eu pague um preço alto demais. Não quero te perder.
Todo o meu corpo ficou dormente e eu não conseguia sentir nada abaixo do pescoço. Permaneci ali no chão, sem forças para levantar.
Ele desceu da cama, vindo até mim e abraçando as minhas costas.
—Por que isso tinha que acontecer? É muita dor. — afirmei, encarando a veracidade de minhas palavras. Nunca tinha me imaginado um mês sequer longe dele e só de pensar que será um ano inteiro, meu coração explodia intensamente.
—Gostaria de te pedir um favor. — ele afagou meu rosto, virando-me para si.
—O que quiser.
Por um instante, pensei sentir uma rápida felicidade passear pelo seu rosto e me perguntei qual seria seu pedido. Mas logo, suas feições voltaram a ser tristes, as mesmas presenciadas assim que entrou em meu quarto.
—Confie em mim. Jamais duvide do nosso amor. E por favor, não deixe de viver a sua vida.
Enquanto eu o olhava, seus olhos trêmulos derreteram. Eles ardiam em uma intensidade semelhantes aos meus e quase se misturaram diante de nossas lágrimas.
Internamente, tudo estava tão forte, que escutava nosso dois corações juntos, batendo em um ritmo freneticamente combinado. O meu sangue estava quente, e queimava meu corpo passo a passo, anestesiando um pouco o sofrimento que me corroía, como ácido em minhas veias.
Eu estava tonto, era dificil de me concentrar, mas senti seu celular vibrando mais uma vez, dedurando nossos ultimos minutos juntos. Ele não iria para a França agora, porém só pelo fato dele estar me deixando, fazia minha ferida aumentar de tamanho.
—Agora preciso ir, para encontrar com meus pais.
Assenti, demasiado.
Ele se despediu de mim, com um beijo, prometendo me ver amanhã.
Eu não tinha vontade nenhuma de abrir a porta e enfim deixá-lo ir embora. Ele já iria ficar tanto tempo longe de mim que a cada segundo perdido seria um desperdício. Se antes tudo já era vivido profundamente, agora tudo se tornava mais forte ainda.
A janela aberta deixou uma brisa leve vir me visitar. Enquanto eu me enrolava para girar a maçaneta da porta e deixá-lo ir, cheguei a me perguntar se a dor um dia passaria.
Assim, que ele se foi, fui deslizando minhas costas na porta que regia por detrás de mim, até me sentar no chão, com os joelhos abraçados juntos do peito. Eu já sabia a resposta.
Coloquei a mão no tórax, sentindo minhas costelas se deslocarem para extremidades opostas, como se meu esterno fosse saltar para fora. De alguma forma, tentei respirar normalmente, tentando aliviar o sufuco que aquilo estava me causando. Mas tudo em vão. Com as pernas trêmulas, apaguei qualquer probabilidade de rumar até o quarto e por isso permaneci ali parado.
Senti o mármore debaixo de mim desaparecer e jurava que iria desmaiar, mas por algum motivo minha consciência não me deixou. As dores que antes estavam presentes, se tornaram mais fortes, tornando minha visão turva e por enfim inundando minha cabeça, me afogando em um mar desconhecido. Fui puxado para baixo.
Não retornei a superfície.

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