domingo, 29 de abril de 2012

Torre.

Céu nublado, dia triste.
Como meu coração.

Depois que consegui convencer a mim mesmo de sair de casa, fui para a praia caminhar. Cheguei perto do mar, onde as ondas vorazes despencavam, sem pena, às margens da areia.

Sentei, meio sem jeito, não queria me sujar. Comecei a chorar. Chorei calado, um choro sem motivo que veio antes que eu pudesse me controlar. Foi forte repulsivo, não mais do que as ondas, bem mais do que eu pudia segurar. As pessoas passavam e me olhavam discretamente, eu meio palhaço, com o rosto borrado da água que me escorria. Algumas gotas afundaram os grãos de areia, deixando minhas marcas de tristeza em Copacabana, princesinha do mar. Desejei que o mar levasse tudo embora, como oferenda, meu medo, minha dor.

Depois de cansado, me esparramei pela areia. Vi as nuvens lá do céu, e por mais que elas se movimentassem, o mundo inteiro parecia parado para mim. Acho que fiquei uma hora deitado, esperando os soluços passarem. Meus olhos já secos, não tinham mais nada para desabafar.

Levantei descalço, com o par de tênis em minhas mãos. Molhei minhas pernas sensíveis da depilação, que se incomodaram com a água tão salgada. Fiquei vagando na beira do mar, sem rumo. Só sei que andei até meus pés doerem.

Não encontrei respostas imediatas, não me curei totalmente, ou fechei minhas feridas. Mas já estava mais relaxado, cada vez mais, aceitando a situação.

A vida tem disso. Tritura nossas ilusões, reduzindo-as a pó. Traz com isso, sofrimento. Te leva para morrer na praia.

Mostra a verdade.
E a verdade liberta.

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