segunda-feira, 9 de março de 2009

Coragem desperdiçada.

Fechei os olhos. Não abri. Foi de repente, eu caí em um vão, até que tinha muitas cores. Ofuscante. Você não percebe, não tem noção. Que espamo mental. Que viagem transparente ilúcida com bela abstração. Minimamente, detalhes são desenhados, por linhas inexatas criando um cenário muito nada familiar. Você se vê. E você é você. Errada imagem do espelho lhe aparece, toda hora. Hora toda. A imagem é real, não é invertida. E não há espelho. Você se vê. Reflexo imoral, retardado. Fixo, imóvel, estagnado. Você anda. Que engraçado, você sabe que está andando, você até sabe o que está para vir, mas você não arrisca em voltar, você deixa acontecer. Incoerente, contínuo que não pára. Você não se vê mais. Sua chance acabou. Você avista outro alguém. Ele aparece. Você vira o rosto. Não sabe quem é, só sabe que não quer vê-lo. Ele está até onde você não quer que ele esteja. É porque é lorota, você na verdade, quer que ele esteja. Ao se virar, você faz o que sempre fez, se engana. Foge. A realidade é áspera demais. Mas que instinto! Mas que árdua vontade, de dizer que foi reflexo, quando você anda sem olhar para trás. Eu queria uma desculpa para explicar o que eu estava fazendo. Mas ele já está na minha frente de novo. Eu o empurro. E recebo o empurro. Não sei o que está acontecendo. Nem você. Eu não olho pra ver quem é. Eu não usufruo da percepção realista visual que eu possuo de usar meu sentido e olhar para analisar momentos a minha volta. Eu me viro novamente. Ele aparece. Mas que insulto. Quem ele acha que é. Abusa de certa intimidade que deve ter tido, ao ir de cara com a minha personalidade. Deve ter tirado da vontade, aquela afinidade de bater de cara com o que eu me tornei. Confia em si mesmo e acha que pode criar laços, esse sorrisinho no quanto do rosto. Que coicidência, era parecido com o meu. Dessa vez eu subi o olhar até a boca daquele que estava de pé. Pela invasão, mereceu o que lhe era suficiente, e com uma bela bofetada, devolvi. Devolvi o ato incosequente. Me vinguei e que gostinho bom. O rosto dele virou. Que surpresa! Surpresa daquela que temos, quando abrimos um presente de quem gostamos e vemos que ele guardou o que nós queríamos. Surpresa, nervosismo, susto, surto, você não conseguiria responder a razão daquilo ter acontecido. Nem decifrar a emoção sentida. Mas meu rosto virou também. Meu cabelo ao movimento balançou, meu olhar expressivo de culta voltagem de interrogação, fez minha pupila dilatar. Motivo? Não adiantava, por mais que eu procurasse a resposta na caixa vazia que a minha mente é, jamais conseguiria saber o porquê de ter recebido a bofetada também. Minha bochecha ficava cada vez mais vermelha, e é claro que com os sentimentos à tona, eu queria tirar gosto do belo drama, que os meus sentimentos são constituídos. Levei a mão ao rosto. Falei com aquela ceninha que eu demorei anos ensaiando: Como pôde? Tinha medo de encarar quem era, sabe? Não estava preparado ainda, o medo instântaneo impulsivo me fazia recuar. E fui para trás. Coloquei as mãos nos olhos, e corri. Por isso, bati de cara com ele novamente, faíscas me sobem a cabeça, afinal que serzinho de tirar a paciência! Arranhei mesmo no rosto. Usei meus cinco dedos. Parado é que eu não vou ficar, eu prefiro agir, já que tenho o poder de redigir minha própria história com minhas próprias mãos. Interessante, ao saber o quão teimoso, ou quem sabe persistente sou, ao ver meu rosto sangrar com a marca dos meus prórios cinco dedos. A dor foi mais mentalmente do que fisicamente. A ira invadiu o meu corpo. Resolvi checar o olhar. Arriscar é uma forma para obter sucesso. Mas que subida de rosto, jogando o cabelo para trás. Encarei com uma pose muito confiante em mim. No entanto, como mudo de sentimentos, eles nunca ficam parados. Paracem dançar de lá para cá. São agitados, acelerados, exatamente como meu coração ficou ao ver a imagem ali real. Que dor senti ao ver quem era. Abri os olhos. Luz. O ceú estava ficando mais claro. Na janela o vento vinha me visitar, me dizendo palavras bonitas. Perfeito para pensar. Até hoje eu não entendi. Minto. Até hoje eu não aceitei. O bom da resposta é saber até onde posso chegar. O quão tolo sou de não pensar. O quão idiota sou de sempre ignorar que atos apenas voltam para aqueles que o fazem. Você faz mal para você. O quão corajoso sou de sempre machucar, sem ao menos hesitar, a pessoa que eu mais "amo", ou seja, a mim mesmo.

2 comentários:

  1. Sem sombra de dúvidas, sou eu.

    Rafa, eu não sei.
    E quanto menos eu souber, mais vou agir.
    Acho que a solução é parar de fugir de mim, mas principalmente parar de fugir do 'eu não sei'.

    Eu não sei.
    Mas logo saberei.


    Eu estou pronta.

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