sexta-feira, 15 de maio de 2009

Momento.

Quando eu o vi, estava envolto de arvores. A natureza estava muito presente. Num clima fresco de bom agrado. De ótimo gosto àqueles que o presenciavam. Nunca se sabe de quem a gente gosta. Alguns apreciam o que é mais externo, outros até mesmo o interno. Quando alguns são verdadeiros, decifra-se o interno, pelo externo. Mas as pessoas criam cascas. Mas ele não. Parecia estar sendo sincero a medida que observava as coisas ao seu redor. Tão pensativo. Ele podia ser o que quisesse naquele momento. Não tinha ninguém perto dele. E aos poucos, assim como se faz um livro, comecei a escrever cada página e pensar no que eu estava vendo. Sim, o interno, queria saber até onde podia chegar. Mas eu não o conhecia. Não sabia o que ele estava fazendo naquele exato momento. Uma blusa branca larga com o símbolo de algum colégio qualquer. Um casaco preso na cintura e uma calça jeans. O conjunto tornava-o bem bonito. O olhar dele era diferente de todos os quais, eu já vi. Ao tentar compreende-lo, perdia-me nas respostas. Parece feliz, porém marcado por coisas na vida, a qual teve que suportar. Mas mesmo assim, volta e meia, quando os pássaros desciam de suas arvores, para procurar algo ao chão, ele abria um alto sorriso. Que expressão calma. Paz. Eu não sabia o que alguém fazia naquele jardim bonito as quatro horas da tarde. Principalmente um jovem solitário. Ele parou de frente a fonte, para olha-lá. Chegou até a se abaixar. Peixes se encontravam no rio. A sua beleza, forma de andar, agir e reagir com as coisas ao seu redor, me fez gostar do que eu vi. Acompanhei cada passo do garoto, mas ele nem ao menos percebeu. Estava distraído, parecia querer ter aquele momento só para ele. Afinal, eu repito. Ainda não sei o porquê dele estar tão sozinho. Mas parecia muito feliz em apreciar simples coisas da natureza. Parecia satisfeito e contente em curtir cada momento só dele. Sentei-me. Olhei para o céu e desviei o olhar por um instante. Acendi um cigarro. Que sensação maravilhosa. Momentânea. O tempo estava nublado. Meu preferido. Traguei algumas vezes, mas antes de eu acabar com minha ação, o vento proibiu-me e passou, apagando o que eu colocava para dentro. O vento passou por mim... O rapaz agora andava pelo caminho de terra e eu percebi que escutava algum tipo de música pelo fone do ouvido. Fiquei curioso e tentei adivinhar a música que ele estaria ouvindo. Mas algo me chamou a atenção. E vi a coisa mais bonita que já vi em toda a minha vida. Palavras me faltam. Parece ter sido combinado, pois num ato rítmico com o vento, o menino abriu os braços, mas bem lentamente. Mas que expressão serena. Me lembrou algo angelical. Mexeu as mãos, parecendo que estava sentindo o vento, sem deixar perder um momento sequer. Era impressionante. Parecia brilhar por algo tão simples. Que valor parecia entregar nas mãos do vento. Continuou a andar, com o casaco preso sendo levado pelas ondas de ar. O cabelo, parte atrás mais curta que a da frente, parecia dançar na mesma direção e sentido. Tinha um grande sorriso no rosto, o que mostrava o quão feliz estava, feliz por estar vivo. Foi nessa hora que eu me apaixonei. As folhas das arvores lentamente o acompanharam e caíram lado a lado.Ele abriu os olhos. Tinha olhos levemente puxados. Mas não me viu. É que ele não podia me ver...

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