sexta-feira, 18 de setembro de 2009

I am free, like the wind.

Rafael adorava fazer experiências. Achava que a vida era uma mistura de tudo. Pegar um pouco dali, colocar em um pote. Acrescentar algo na solução. Diluir certa porcentagem para obter o resultado esperado, que havia sido com eficiência e esforço, elaborado. Rafael era ingênuo. Pouco sabia, que as coisas na teoria, nem sempre eram comprovadas na prática. Mas ele não tinha medo de arriscar. Rafael fazia suas pesquisas, passeando pela vida. A cada experiência arranjada, guardava uma mensagem. Cultivava o novo, sem esquecer do que era velho e bom. Coletava sentimentos e informações dando a volta pelo mundo, sempre saltitando. Como suas viagens eram longas, possuía o olhar da compreensão e levava consigo expressões de paciência. Ao concretizar seus conceitos com seu carinho e gosto, guardava em muitas caixinhas e potes. Quando esquecia de algo, pesquisava em sua coleção a melhor forma de agir. Quando achava que era a hora certa, transmitia todo o aprendizado, traduzindo-os em muitos livros escritos e trabalhados. Dessa forma, possuía uma biblioteca interminável, a qual muito era diversificada, sendo a salvação de muitos problemas. Rafael adorava experiências. Certa vez em seu grandioso jardim, viu uma pequena borboleta pousada em uma flor colorida. Admirado pela beleza da borboleta, foi dando passos vagarosamente, para observá-la mais de perto. Seduzido por sua grande beleza exterior, teve seus olhos cegados pelo desejo de querer sempre desfrutar de magnífica paisagem. Em um movimento brusco, seguindo certa intuição possessiva capturou a borboleta que possuia tons claros de cor, sendo vermelho, violeta, amarelo e branco, suas cores mais reluzentes principais que exaltavam felicidade. A manteve em cativeiro. De acordo, com essa situação, tentava ao máximo, cuidar da sua novidade. Mas de tanto observar, dia após dia, Rafael percebia, cada vez mais, que a linda borboleta já não era mais tão linda assim. Já não era mais tão surpreendido. Era sempre a mesma coisa. E ela cada vez mais, parecia perder sua beleza. Parecia triste, de tão aprisionada. Rafael, não conseguiu entender o motivo para aquilo acontecer, parecendo confuso e pressionado a tomar alguma medida. Ela parecia não ter mais vontade de viver. Rafael, com puro impulso, após quebrar muito sua cabeça de pensar, resolve soltá-la. Sim, doeu muito, afirma. Teve que quebrar todo o seu medo, optando pela insegurança. Por ela estar sempre presa a ele, não tinha escolha própria, assim não havia gosto e confiança formada. Junto a isso, ao soltá-la, ninguém sabe quando ela poderia estar de volta. A borboleta parecia confusa ao voar, mas agora, podia ter seu tempo, fazendo suas escolhas. Mas o sol desceu muitas vezes ao horizonte, e a lua parecia sempre ter grandes sorrisos quando nascia. E assim, dias e mais dias se passaram. E numa bela manhã, Rafael já havia acordado, para regar suas lindas plantinhas. Estava distraído, com pensamentos avoados, e com cabelo sobre os olhos. Quando se virou, para admirar e falar com certa flor (quando a gente conversa, as plantas costumam crescer, de forma mais rebuscada e formosa), notando a bela borboleta pousada. Rafael abriu um belo sorriso. Sentiu-se tão bem. Tão querido. Tão especial. Que felicidade. Não trocaria aquilo por nada. A borboleta parecia estar muito mais bela que antes, além de estar maior, por si só, dotada de bela astúcia, cor, pose e saúde. Parecia com tamanha vontade de viver. Voou por cima do menino. Deu voltas em torno do seu corpo, pousando em seu ombro. Rafael acompanhou cada movimento, girando em torno do seu próprio eixo, a acompanhando, parecendo dançar sobre si. Rafael disse doces palavras. Mostrou tudo o que tinha de bom do seu jardim e dele próprio, à ela que parecia adorar cada momento. A borboleta despediu-se. Rafael não se sentiu mal e com um grande beijo, ela rumou aos céus. Rafael fechou seus olhos, esticando seus braços. Alongou-se. Sentiu o vento frio matinal em seu rosto. Sentia-se livre. Exatamente como ela. Tudo o que é livre, uma hora, retorna, assim pensou, concluindo. Precisamos de nossos limites e espaços. E sentiu-se leve, exatamente como o vento, que vagava por ali livremente. E assim, seus pés já não tocavam o chão. Não mais.

"Eu sou o vento. O vento que sopra livremente."

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