segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Inexoravelmente.

Meus domingos são sempre tão tediosos.
Menos um deles.
Ao ano, apenas um foi capaz de deixar uma marca de tamanha intensificação, quanto aquele dia que fora nublado e frio. Porém, a ferida está demorando tanto para cicatrizar...
Os momentos são únicos. As peças capazez de formá-los, estão lá por algum motivo. Cada peça tem o seu formato diferente, a sua cor em especial e o seu encaixe certo.
Estou sorrindo, pois ao fechar meus olhos, posso retornar ao tempo.
Ele não ousará em se repetir, em matéria de carne e osso, nem com muita insistência. O que é deixado para trás, são as lembranças. Um cheiro que passa na rua, uma voz que vem a mente, quando me levanto da cama. O lugar. O lugar onde tudo aconteceu. Por um tempo me privei. Me privei daquilo que eu gostava, para me livrar do meu medo. Para me livrar daquilo que persistia em me fazer sangrar. Fiquei um pouco sem música, fiquei um pouco sem internet. Eu andava pela casa, desnorteado. E toda vez que conseguia respirar, flashes vinham à tona em minha cabeça. Cada cena. Qualquer enigma que vinha me visitar, lembrava com total perfeição. Eu suspirava, tentando ignorar. A ferida toda hora tentava se abrir. E eu fazia caretas para me livrar do desespero. Me ocupava para tentar enganar os acontecimentos. Pela primeira vez, eu me cansara. Cansara de ser forte, cansara de resistir. De sempre falhar, de me entregar por completo, e ser em vão.
Hoje em dia, eu sempre repito aos meus amigos queridos. Se eu tivesse a oportunidade de não ter passado o que eu passei, escolheria por isso. Escolheria por naquele domingo, eu ter permanecido em casa. Com o meu livro, com o meu computador e com a minha gata preguiçosa. Somente naquele dia desejaria dormi a tarde toda. Me fantasiar com Lua Nova, não me preocupar com nada. Mas eu sei que estou mentindo. Como posso ser tão imprudente? Tão idiota?
Se eu não o tivesse conhecido, nunca saberia. Se eu tivesse deixado aquele dia chuvoso passar, como qualquer outro rotinal, eu jamais me perdoaria. Pois, jamais saberia na pele, o que é sentir cada toque. Cada beijo, cada palavra e perder segundo por segundo, o ar. O fôlego. Jamais saberia o arrepio tremendo que senti, passando por cada contorno de meu corpo. Aquele calor, que me confortava, em cada gesto, respiração, suspiro e promessas. Eu nunca poderia ter tido a chance, de ter a vontade de viver para sempre, em repleta felicidade na presença de alguém. De não querer perder um milésimo, um olhar, um sorriso, um entrelaço de mãos. Hunf. As vezes, acordo no meio da noite. Posso recordar o que vivi. O sorriso que tive, a vontade de nunca mais sair dali. Como viveria, se eu soubesse que eu mesmo me recusara de ter recebido o melhor abraço que já recebi?
Foi inevitável. Eu me apaixonei completamente, assim que vi.
Foi perfeito e paradoxalmente triste ao mesmo tempo, pois sei no fundo de minha essência que jamais poderá se repetir.
Único, pois pertence apenas a mim mesmo. E nunca poderá escapar, estando em eterna presença em meu coração.

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