sexta-feira, 3 de abril de 2009

Suspiro.

Tinha a famosa blusa social vestida. Tudo escuro. Me levantei vagarosamente e vi todo o meu material de estudos espalhados, desde livros pelo chão e folhas amontoadas, desde apostilas e cadernos. Contornei alguns, e fui até o banheiro. Abri a torneira e me abaixei, aproximando meu rosto da água que escorria, lavei a nuca. Senti um frio na barriga. Suspirei baixinho. Me olhei no espelho, mesma aparência, cabelo jogado para o lado. Nada de novo e ao desligar a luz, bebi um copo de água rapidamente. Peguei no celular, nenhuma ligação retornada. Nenhuma, mas não me assustou. O fato das pessoas não estarem presentes da forma que eu preciso, já é normal de ocorrer. Afinal, todos nós temos problemas, por mais que as ligações fossem também do dia anterior. Joguei o celular no sofá. Já estava muito tempo fechado. Muito tempo parado, pensando no que podia acontecer, ai que nostalgia futura. Odiava isso. Estava tudo em preto em branco. Eu estava dando voltas e sempre retornando ao mesmo lugar, pensando em certa pessoa, em certos projetos, atrasando o que deveria ser feito, morrendo de ansiedade e fazem mal a mim mesmo. Não era novidade nenhuma. Era sempre a mesma coisa. A água que eu joguei em meu rosto não me renovou. Eu era o problema. Resposta nenhuma eu poderia obter. Mas queria ouvir. Peguei o celular ligado e digitei o número no teclado. A doce voz me atendeu. Tão compreensiva, tentando me acolher, mesmo não podendo. Estava toda enrolada com o pai. Para não preocupá-la, menti que estava na academia perto de treinar. Na verdade, tinha passado meu dia todo praticamente trancado no meu quarto. Cortina fechada. Por mais que eu sumice, as pessoas não davam a mínima. Mas eu estava feliz, por incrível que pareça, não senti falta disso. Esse dia afastado do mundo, foi-me importante. Não digo por orgulho não. Aos poucos eu me contentava com a minha companhia. Ela me deu conselhos rápidos, disse palavras que pareciam ser para mim e teve que desligar, mas sua preocupação ficou na minha cabeça. Por destino ou não, sempre estávamos interligados. Sem acender a luz, tudo se tornou colorido. Eu estaria nas nuvens? Bom, só sei que saltitei muito e parecia voar, quando encontrei meu quarto. Ao me deitar, eu sonhei com a Marcela. Tudo era feliz, não havia nenhum problema, tudo era brilhante. O sol nunca ia se pôr, o amor era a força resultante. Nós dançávamos juntos. O seu sorriso, ai o seu sorriso. Suspirei em sono profundo. Meu sorriso permaneceu. E quando eu abri os olhos, quinze minutos depois, a Marcela parecia estar no meu quarto, olhando para mim, cuidando de mim. Ela ficou me olhando dormir, até o sol nascer. E eu fingi que dormia, para observá-la também.

Um comentário:

  1. Marcela olha pra você não só todas as noites, Marcela olha pra você a todo segundo. Às vezes ela não pode estar com você e nem falar todos os dias com você (por mais que seja a vontade dela), mas tenha certeza de que ela te vê em todos os lugares, nos textos que ela escreve, nas refrações, nos pensamentos, nas escolhas e dúvidas, ela te vê, ela pensa..." O que o Rafa faria?" "O que o Rafa diria?" E por mais que ela diga que sabe, que tem, que diz, ela precisa extremamente de você pra sentir. Ela te ama como não ama muitos e como considera poucos. Ela está/ estará com você a todo momento. Ligue pra ela, saia com ela e diga tudo que pensa a ela, ela sempre te apoiará.
    Eu te amo, Rafael, muito mais do que você pensa.
    Você é lindo demais.

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