terça-feira, 11 de maio de 2010

Um.

Em uma mínima distração possível, eu notei toda a minha dor desaparecer, em uma velocidade maior do que a da luz. Uma combustão de sentimentos corroía, com ferocidade, a ansiedade que antes me sufocava, fazendo-a reagir com a súbita curiosidade que surgia. Foi como uma forte explosão, capaz de gerar alto calor concentrado. Ele aqueceu os relevos de meu rosto e eu pude sentir minhas bochechas queimarem. Banhados com um grande suspense, meus olhos fixaram na batida da porta instantaneamente. A ultima coisa que eu podia acreditar era que ele pudesse estar por detrás da mesma. Mas minha racionalidade nunca ultrapassou o amor que eu sentia por Taylor. Em apenas um segundo, — embora eu soubesse que era impossível — desejei com todas as minhas forças que fosse ele. Minhas pernas disparam, em direção a maçaneta. Não consegui esconder meu nervosismo. A única coisa que parecia fazer sentindo era o resíduo de esperança que eu mantive guardado em alguma insanidade de minha mente. Foi quando eu a abri.
De todos os dias em que o vi, neste ele estava mais perfeito, apesar de ter um pouco de suor na testa. A mágica do momento contribuiu perfeitamente para isso. Ele não teve paciência para esperar o elevador. Sempre fora impulsivo demais.
Não sei quanto tempo eu demorei para recuperar a consciência. Acredito que nesse período, eu tenha prendido a respiração, pois eu a soltei bruscamente, apenas pelo susto que levei, por causa da rapidez do seu abraço. Foi o período mais duvidoso de minha vida. Pela primeira vez, eu estava bem no meio da linha que dividia o sonho da realidade. Em qual dos dois espaços eu me encontrava? Seus braços envolveram as minhas costas de uma forma tão inevitável, quanto a lágrima que foi arrancada do meu olhar.
Com o nariz colado à sua nuca, eu enlouqueci de saudade. Como eu sentia falta daquilo. Como eu sofri sem a sua presença, sem todo o seu contexto. Nada mais fazia sentido para mim. Somente aquilo exista no momento. E me bastava. Nós ficamos abraçados em silêncio, pois tínhamos medo de que aquilo fosse tomado de nós. Mais uma vez, eu fui pego de surpresa, sendo soerguido por seus firmes músculos, que jogaram minhas costas na parede. Eu não podia sentir dor. Tudo o que eu senti, foi o seu suor se apossando inteiramente do meu pescoço, acompanhado pelo o gosto dele. Ele subiu do queixo a boca, me beijando com alto desespero, e pressionando os seus lábios contra os meus, de uma forma bem aflita e profunda. Com as minhas pernas entrelaçadas em sua cintura, eu levei minhas mãos — que antes afagavam o seu rosto — até a parte de trás da sua cabeça, buscando uma gentil sustentação.Entre sussuros escondidos que cada vez mais altos se revelavam, ele tomou coragem para interromper a minha sinestesia.
—Desculpa, eu não consegui. Eu tive que vir.
Ele estava tão ofegante que foi impossível não sentir a sua respiração. Quase se desiquilibrando, ele apoiou as suas duas mãos na parede atrás de mim. Ela que estava suportando a maior parte do meu peso. Meu rosto ficou no meio, colado com a sua testa. Roubando o ar que saía dele, eu juntei forças para falar.
—Não quero que você faça nada forçado.
Ele riu antes de continuar.
—Não posso deixar meu coração para trás. Se eu fosse embora como eu tinha dito, jamais me perdoaria.
—Mas essa não é a sua natureza.
—Eu mudo por você.
Ele estava tentando me matar.
—É que parece um pouco egoísta da minha parte.
—Não parece. Eu quero você...
—Eu já sou seu. — eu murmurei rapidamente atropelando cada palavra pronunciada.
—Somos um do outro.
Derrotado, tentei minha última desculpa.
—O que vão pensar?
—Não importa mais. Se eu continuar do seu lado será fácil aguentar qualquer problema.
—Ah. — arfei.
Foi tudo o que saiu. A felicidade causada pelo o seu discurso, me fazia delirar.
—Enquanto eu estiver com você, estarei realizando meu maior sonho.
Senti meu corpo se descolar da parede, sendo levado ao ar mais uma vez. Ele me carregou calmamente até a parte de dentro do meu quarto, evitando o barulho que o eco do corredor fazia sobre todas os cômodos. Já era madrugada — e embora estivessem todos dormindo — ele queria curtir nosso momento mais a sós. Ele empurrou a porta com a perna, ainda me carregando em seus braços. Eu não queria acordar.
—Não me faça acordar disso. É perfeito demais para se acreditar.
—Você não precisa acordar Bruno... Isso já é real.
É... Eu estava na mais perfeita realidade. Me derreti por finalmente saber que eu poderia amá-lo por completo, sem nenhum obstáculo.
—Taylor...
Minha voz falhou, resultando em meu sussurro mais baixo. Sua expressão tranquila dedurava sem piedade a certeza da sua escolha. Já não precisámos de qualquer diálogo. Ele me carregou com cuidado da sala, até ao quarto, bem na cama, me repousando por debaixo do seu corpo.
Ainda freneticamente concentrado em suas ações, senti seu peito — agora nu — se deitando do meu lado. Ele jogou uma das minhas pernas por cima dele, me acolhendo em seu colo. Nós ainda tinhámos dificuldade para respirar. Mas nesse momento, nós já compartilhavámos o mesmo ar, o mesmo fôlego. O mesmo tudo.
É que nós éramos um só.

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