quinta-feira, 29 de julho de 2010

(In)Justiça.



O signo de libra traz à tona a Justiça. Quando falamos em Justiça ativamos a lei da Causa e Efeito, dando ênfase à palavra resgate. Tudo o que acontece a nossa volta é resgate das nossas ações, sendo nossas causas puras consequências.
Merecemos receber aquilo que temos direito. Mas se isso diz respeito ao bom, por equílibrio, indica também o mau. Como eu mesmo costumo repetir. Temos o livre arbírtrio para realizarmos o que quiseremos. Porém, saibamos que a semeada é livre, porém a colheira, obrigatória.

Muitas vezes julgamos a vida como injusta. Chegamos a culpar até mesmo Deus por espalhar a injustiça. Questionamos o mundo que Ele criou perfeito, sem levar em consideração o nosso próprio viver imperfeito. Pedimos justiça para nós e negamos ao outro o que poderíamos dar sem esforço, para alivar o seu sofrimento. Não julgar para não ser julgado. Não medir para não ser medido é o ensinamento cristão que nos alerta para a falta de justiça. Dessa forma, usamos pesos e medidas diferentes para nós e para os outros, para os que amamos e para os que odiamos, esquecendo que todos nós temos os mesmos direitos. ;)

Queremos ser sempre perdoados, pois "tivemos nossos próprios motivos" afinal, temos consciência e não somos malucos. Mas não paramos, nem um momento sequer para analisar o motivo alheio. Tomamos decisões sem a conversa com o próximo, porque muitas vezes nos decepcionamos com suas ações. Mas não percebemos, que do outro lado, podemos estar fazendo a mesma coisa.

Vivemos ansiando por justiça. Vivemos reclamando pela falta dela aqui e ali. Mas a verdadeira justiça vai além dos nossos conceitos maniqueístas de bem ou mal, justo ou injusto. Vivemos num mundo de ilusão e engano e não é de admirar que a nossa justiça seja muitas vezes: ilusória. Uma justiça que teoricamente recompensa os bons e pune os maus. Exatamente como nos filmes, onde o mau age totalmente para o mau e o bem sempre é bondoso. Mas o que se pune lá, nos contos de fada é o mal personificado em um ser e não alguém específico. Até porque o mal e o bem são faces opostas na mesma moeda, o que indica que não existem pessoas 100% boas ou 100% más, mas sim humanas.

Passamos a vida inteira condenando os maus sem perceber o bem que há neles e nos decepcionando com bons, porque não reconhecemos o mal que os habita. Nos consideramos bondosos e queremos todos os elogios e recompensas por isso, sem perceber que precisamos incorporar o nosso mal, os nossos defeitos e sombras.
Temos medo de descobrir nossas feras ruins, porque tememos a reação das pessoas. Mas só poderemos nos tornar justos, depois que aceitarmos nossas injustiças.

Vivemos numa cidade violenta como o Rio de Janeiro, somos bombardeados todos os dias comc enas de injustiça social e criminal. Centenas de pessoas inocentes morrem a caminho de seu trabalho, adolescentes são espancados e mortos. Confundimos policiais e bandidos, sem podermos confiar em qualquer ser humano. Nos indignamos frente a televisão.
—MEU DEUS, ISSO É UM ABSURDO.
—CADA DIA O MUNDO FICA PIOR.
—A VIDA É UMA DROGA.

Nos indignamos contra quem? Contra policiais? Bandidos? Gorvernantes? Ou contra nós mesmos passivamente sentados na nossa sala, profundamente chocados e incrédulos, paralisados pelo medo? Incapazes de compreender que com o nosso silêncio e medo somos tão torturadores quanto os que espancam e matam?

O pior ato ato da violência nas cidades grandes, foi a morte da solidariedade. Hoje se vemos um carro parado com alguém caído sobre o volante, não o socorremos, pois pode ser aramadilha ou pode ser um bandido. Se alguém grita por socorro, corremos, mudamos de rumo. O medo superou a solidariedade humana.E o que é pior: com o nosso medo, sequer percebemos que o que se colhe, se planta. Um dia desses, gritaremos por socorro e só reconheceremos o eco da nossa própria voz.

Nós escolhemos o céu e o inferno com as nossas ações. Devemos, porém, ter em mente que todos os que alcançaram a iluminação, santos ou hérois, tiveram que descer aos infernos para adquirir o mais alto grau de evolução. Para serem, enfim, incluído no reino dos JUSTOS.

Um comentário:

  1. É justo dizer que me surpreendi ao ler um primeiro texto seu. Não esperava tanta profundidade e nem ao menos sabia o que esperar. Gostosa surpresa que me faz quer conhece-lo melhor.

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