domingo, 7 de junho de 2009

Cinzas.

Já teve um dia péssimo? Claro que sim. É de bom trato que os fortes tenham más situações de vez em quando, pois assim podem progredir. E quem são os fortes? Ah, todos nós. O que muda é a intensidade. Mas voltemos a falar da minha insatisfação. Que vida chata, sem graça. Onde tudo se repete. Onde não consigo o que quero. As pessoas são as mesmas e convenhamos, são deveras cansativas. O dia estava chuvoso. E que delícia. Coloquei meu casaco genial. A lanchonete ficava próxima a minha casa. Nada para fazer. Aula no dia seguinte. Essa droga de vestibular que me deprime. Ai, como sofro. É muito difícil ser eu. Escutei aquela música melancólica para contribuir com o meu drama. Adoro me fazer de díficil. Gosto de passar por situaçãoes dificéis, mostrar o quanto eu sou forte por estar vivo. Adoro ficar com aquela cara de cu quando as pessoas a minha volta se divertem enquanto elas só estão tentando esquecer os seus problemas, porque na verdade, a vida delas pode estar sendo tão medíocre quanto a minha. Só que elas agem diferente de mim. Se esquecem delas por um momento. Igualmente a bebida. E do que adianta? Enganar a vida? Ela é mais esperta que você. Ela vai te pegar. Passei o primeiro quarteirão. Chuva. Ai mas que vida entediante. Em algum final de semana resolvemos passar da infância para a adolescência. Antes a moda era ir no shopping, agora é beber. Antes era beber uma dose de vodka, agora são cinco copos. O golpe de maioridade chega e passamos e ir para as boates. O pop enjoa, são sempre as mesmas músicas. Vamos para a eletrônica. Enjoou, é sempre a mesma batida. São sempre as mesmas situações disfarçadas. Ninguem se contenta com nada. Era a mesma sexta feira. Eu tinha voltado do colégio. Tinha me lotado de estudar, estava cansado da mesma forma, era a mesma droga de chuva. Entrei na segunda rua. Chuva. A vida era engraçada. As pessoas hipócritas. As mais hipócritas, os seus amigos. Sim, eles te amam. Mas eles te enxergam fazendo merda e logo depois fazem a mesma coisa. Ou dão conselhos, que semana que vem, não cumprem para eles mesmos. Quando é você que aconselha, você recebeu um tipo: É, eu sei. E semana que vem, você descobre que ele não te ouviu, e que não sabia nada. Vento. Amanha seria um novo dia. O tempo passa rápido. Caminhamos para a morte. Logo amanhaceria. Eu cheguei à lanchonete. O meu desejo era ficar ali mesmo sentado, esperando o meu pedido e vendo um casal se lambusando todo com o milk shake. O meu amigo chegou. Todo molhado, todo engraçado como sempre. A gente conversou. A mesma coisa de sempre. Aquele lero lero, que as pessoas fingem estar preocupadas, mas que na verdade, só estão perguntando por conveniência, porque na verdade, elas não podem te ajudar, porque não estão na sua pele. Algo do tipo: E aí, tudo bem?
Mas meu humor mudou. A gente começou a rir. As situações estavam engraçadas. Meu pedido chegou. Talvez aquele dia tivesse sido o pior dia da minha vida, porque tudo aconteceu de ruim, mas não vale a pena mencionar aqui. Mas naquela noite chuvosa, eu não tava nem aí para a vida. Alías, pensando melhor. Estar, eu até estava. Eu só não estava com saco para entendê-la. Nem adiantaria. Eu só precisava da minha banana split.

Esse texto não tem nada a haver comigo. Minha vida não é assim. Eu só criei argumentos e resolvi escrever sobre o que pensei. Nem tudo o que eu escrevo, eu acredito. Sou muito feliz!

Um comentário:

  1. As pessoas são deveras cansativas.É.

    Meu querido se esses não são seus argumentos eu os tomo pra mim então, porque tem dia que eu estou exatamente assim.E sabe de uma coisa? Não dá pra ficar tentando entender os minimos da vida, tem coisas que realmente a gente tem que "fingir" que não viu, abstrair.
    Vamos fingir que a vida é boa que ela uma dia será;

    Cu de vida...mentira não é cu não, mas as vezes cansa mesmo, e sabe porque cansa?não é a rotina da obrigação e sim a rotina da diversão.Engraçado não?

    Adorei o texto,bem realista mesmo.

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